terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mazelas cariocas

Apesar de ser carioca desde que nasci, só voltei a morar no Rio de maneira definitiva há 4 anos e meio. Desde então moro em Copacabana, cartão postal da cidade e do país, palco de grandes eventos, cenário de inúmeras mazelas, que traduzem com precisão o que acontece na cidade.

Morando na zona sul é possível perceber que a cidade é muito menos do cidadão do que deveria ser. Sinto muito em dizer isso, mas não estamos preparados sequer para uma convivência pacífica, muito menos para receber visitantes e sediar eventos de grande porte. Triste constatação de um cidadão indignado com a bandalheira diária e a inércia governamental.

No último final de semana me senti profundamente decepcionado mais uma vez. Ao me aproximar do meu carro, estacionado em frente ao prédio onde moro, percebi que o mesmo tinha sido arranhado em toda a extensão de uma das laterais, de ponta a ponta, com gosto... Detalhe: meu carro tem cinco anos e estava completamente imundo! Estava corretamente estacionado no espaço destinado a esse fim, com talão de estacionamento pago. Tudo certo! Exceto para o criminoso que acredita que assim ele se vinga da situação em que se encontra, da falta de oportunidade, do governo, da mulher, dele mesmo, sei lá.

Possivelmente uma das explicações esteja no fato de que a placa do meu carro é de Petrópolis. Então poderia ser um carioca revoltado com alguém que ocupou a vaga do carro dele, ou alguém que simplesmente resolveu sacanear um petropolitano (?). Também pode ser falta de educação, o vandalismo, a covardia, a raiva... Quem pode saber?!

Diante de fatos simples como esse podemos refletir bastante sobre o que a cidade realmente oferece aos cidadãos e seus visitantes. Falta educação, cultura, preparo das pessoas, empenho do governo, limpeza e organização urbana, respeito ao cidadão, falta quase tudo. Poluímos nossas praias e áreas verdes, e loteamos nossos espaços públicos, na maioria das vezes sem que isso traga qualquer benefício.

Para piorar, há os grupos dominantes dessa área nobre da cidade. A indústria hoteleira, que ocupa imensos espaços públicos, especialmente o calçadão próximo à orla, em frente e além de seus estabelecimentos, com estacionamento irregular, principalmente, e outras invenções e extensões. O comércio, especialmente aquele voltado essencialmente para o turismo, que se ocupa igualmente do espaço público com mesas, cadeiras e outros itens que delimitam o espaço destinado à livre circulação do cidadão. Os ambulantes se encarregam de ocupar as calçadas e as praias delimitando e encurralando o cidadão ainda mais.

Infelizmente o problema ainda vai muito mais além. Não há locais apropriados para o estacionamento de ônibus e vans de turismo que, por conta disso, fazem todo o tipo de bandalha para embarcar e desembarcar seus passageiros. Também não há paradas de ônibus regulares e vans ao longo da orla e esses, por sua vez, simplesmente param em qualquer lugar, como e onde querem. É uma guerra!   

Os taxistas merecem um capítulo à parte. É claro que há exceções, mas infelizmente a maioria se aproveita ao máximo do usuário, principalmente daqueles mais desavisados. É vergonhoso! Experimente se passar por turista ou desconhecedor da cidade e faça o teste. Em minha opinião deveria haver uma placa indicativa de perigo nos principais pontos da cidade: "Prezados cidadãos e visitantes, evitem utilizar táxi nesta cidade. Para o seu próprio bem!" 

Há ainda os pedintes, não necessariamente mendigos, mas aqueles que incomodam as pessoas pedindo, oferecendo e ofertando todo tipo de produto ou serviço, quer você queira ou não, quer seja morador ou turista. Não podemos esquecer da prostituição comercializada 24 horas por dia e dos flanelinhas, que agem sem ser incomodados por ninguém. Estacionamento irregular. Comércio irregular. Há também os vagabundos de plantão, que se aproveitam do menor descuido, para realizar outros delitos.

Estes são apenas alguns exemplos do que vemos todos os dias. Indignar-se é o mínimo que podemos fazer.

O que não dá é para ouvir os governantes e oportunistas travestidos de membros de qualquer coisa que tenha a ver com a próxima Copa do Mundo ou as Olimpíadas de 2016 falando do "legado" que tais eventos deixarão para a cidade. Não precisamos de nenhum evento que nos deixe as sobras, mas de um governo que assuma sua responsabilidade com os problemas da cidade, que eduque e prepare seu povo para o futuro e uma convivência respeitosa entre si e com seus visitantes, que promova a saúde, a segurança e a mobilidade urbana, que presenteie seu povo com ações efetivas e não com "conversa prá boi dormir".

O Rio de Janeiro ainda é uma cidade maravilhosa, apesar disso tudo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Lágrimas que regam a alma...

Hoje Isabela está completando 10 dias de vida neste mundo. Está meio inquieta. Apesar de ter dormido relativamente bem à noite, ela acordou agitada. Está no processo mama-dorme-acorda-chora-mama e assim a cada uma ou duas horas...

É a tal adaptação, dirão os mais experientes. De qualquer forma, estamos atentos e amanhã ela irá a sua primeira consulta com a pediatra, onde trataremos mais a fundo de todas as evoluções e reações ocorridas nesses dias.

Num desses momentos de inquietude, tomei Isabela no colo para tentar "acalmá-la" e ver se ela parava de chorar e voltava a dormir. De verdade? Não consegui... Mas consegui algo muito mais sublime. Estava com ela em minhas mãos, olhando fixamente nos olhinhos de jabuticaba dela e ela chorava e parava, chorava e parava, fazia caras e bocas, mexia as mãozinhas, procurava algo que eu não podia dar...

De repente, e não mais que de repente, as lágrimas começaram a escorrer calma e lentamente pelos meus olhos... Eu olhava fixamente para ela dizendo que a amava... "Papai ama você, sabia? Papai ama você!" Disse isso repetidas vezes, muitas vezes... Os olhos embaçaram... Pedi a Paula que registrasse o momento, não que esse já não estivesse eternamente registrado no meu coração e na minha alma... Juntei minhas lágrimas com as dela...

O amor que sinto pela minha filha já mudou a minha vida. Essas lágrimas são de amor, felicidade, satisfação, orgulho... Vaidade também, por que não? 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Isabela, presente de Deus!

No dia 8/12, às 23h06min, na Casa de Saúde Santa Therezinha, no Rio, no dia de N. S. da Conceição, nasceu a minha filha Isabela. Nasceu com muita saúde, abençoada, linda, perfeita.

Acompanhei toda a gravidez, as dores que a mãe dela sentiu até a sua chegada, a ansiedade, o medo, a tensão inerente ao momento, o parto, o primeiro choro, o alívio, a benção... Deu tudo certo! Incrível, fantástico, extraordinário! Quando escolhi ser Administrador jamais imaginei que algo pudesse ser tão bem planejado e executado. Estou em êxtase!

Agradeço especialmente a minha mulher Ana Paula, que dedicou nove meses de sua vida cuidando, amando e se preparando para dar à luz a um novo ser humano, que dela dependia todo o tempo.

Nos primeiros momentos, bastante emocionado, eu só conseguia agradecer a Deus e registrar os primeiros momentos de Isabela. Os cuidados no berçário, expressões, reações e movimentos. E não é que esqueci de levar a primeira roupinha dela? Era a única do berçário que continuava nos mesmo trajes em que veio ao mundo. Falhas do papai inexperiente...

Após algum tempo, naturalmente tive que sair do berçário. A conclusão era simples: acabei de ganhar um presente de Deus! Isabela é meu presente de Deus! Isabela é minha obra-prima!

O curioso é que escolhemos o nome de nossa filha por acaso. Eu disse a Ana Paula que o "nome" viria dessa forma. Lendo uma matéria certo dia ela disse: "Isabela, aquela que se dedica a Deus". Então eu respondi: ah é, então será Isabela, pronto, resolvido. 

Nesses primeiros dias ainda estamos nos adaptando. Nós a ela, e ela a nós e ao mundo. Cada momento é uma conquista. Há dúvidas e incertezas, mas sua expressão iluminada, as caras e bocas, os sorrisos, as mãozinhas inquietas e tudo o mais que ela faz compensam a nossa inexperiência. É sensacional, não há como descrever em palavras. Estou babando e adorando!

Neste espaço pretendo também falar sobre o crescimento e as peripécias de Isabela. Isabela Quintella, minha filha, com muito orgulho!!! 

Em tempo: também quero agradecer muito a Dra. Isabela (Obstetra), que cuidou de todo o pré-natal e do parto com excepcional competência, sensibilidade e presteza. Estendo meu agradecimento a Dra. Sandra (Pediatra), ao Alexandre (Anestesista), assim como a toda equipe de enfermagem e demais setores do hospital que, direta ou indiretamente, nos ajudaram nesse momento maravilhoso.

domingo, 14 de agosto de 2011

Pai não declarado

Hoje é o dia dos Pais de 2011. Nesta data celebramos com nossos pais e heróis o seu dia, merecidamente destacado entre as datas festivas e comerciais do ano.

Infelizmente, como filho, não é o meu caso. Não tive pai. É fato que houve um pai, mas não o tive como tal em nenhum dos meus quase 44 anos de vida. Isso me incomodava muito quando criança, na adolescência e até me apresentar para o serviço militar obrigatório. As perguntas se repetiam: "Qual é o nome do seu pai?"; "Por que seu pai não te registrou?"; "Você é arrimo de família?"; "O nome do seu pai é 'Não Declarado'? 'Não declarado' de quê?"... No meio social a coisa era mais complicada, já fui chamado até de "filho de chocadeira". Mas isso jamais me incomodou além do que deveria.

Pausa para deixar algo bem claro: jamais considerei ser uma vítima de 'bullyng' por conta disso, ok? Tive uma mãe que foi também o pai que eu tinha que ter. A minha mãe é minha heroína! Muito mais pai que muitos pais negligentes que conhecemos por aí. À minha mãe, que sempre foi igualmente meu pai, rendo e renderei minhas homenagens neste e em todos os dias dos pais que virão pela frente.  

Foi minha mãe a maior prejudicada pela covardia daquele que teria sido meu pai. Em contrapartida, superou seus próprios limites para permitir que eu a homenageie pelo resto da vida, sempre que sentir necessidade disso. A sua dignidade é sublime, sua luta exemplar, sua coragem digna dos maiores guerreiros da história. Obrigado por tudo que sou, Mãe! Você é meu Pai e merece todo o meu respeito desde sempre, e para sempre.

Há cerca de um ano atrás o Ministério Público Estadual criou o programa 'Em nome do Pai', que visa reduzir o número de crianças que não têm o nome do pai na certidão de nascimento. Cerca de um em cada quatro registros de nascimento não traziam o nome paterno.

No Rio foi montada uma força-tarefa e cerca mil crianças já tiveram os sobrenomes paternos recuperados nesse período. Curiosa e felizmente, houve muito mais aceitação do que recusa pelos pais procurados. Certamente hoje será um dia dos Pais diferente para essas crianças. Que bom!

No meu caso, como filho, só queria ter o direito de eliminar os incômodos asteriscos do campo a ser completado como o nome do pai em todos os meus documentos civis. Queria ter esse direito assegurado algum dia.

Como pai, sinto-me bastante feliz, realizado. Sou pai de duas filhas lindas.

Maria Sophia está no céu e junto de mim o tempo todo. É um dos meus anjos da guarda, minha estrela-guia, essa sapeca menina de sorriso encantador estampado em sua face meiga. Você mudou minha vida! Eu te amo, Maria Sophia!

Minha outra filha, Isabela, está a caminho. Já é amada, cuidada e ansiosamente esperada. É minha princesinha! Será orgulhosamente registrada e assumida por mim, e a ela dedicarei o melhor de mim, do meu esforço, da minha essência. Seja bem-vinda, Isabela, e obrigado por ser meu presente do dia dos Pais 2011!

Tenho orgulho de ser pai! Feliz dia dos Pais a todos os pais do planeta!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sarney, um "Fenômeno"

Ô Sarney, por que você não aproveita a "deixa" do Ronaldo Fenômeno e encerra sua carreira também? Desculpe-se publicamente com a nação brasileira e coloque a culpa num hormônio qualquer... É impressionante como os políticos, mesmo incapazes de contribuir para o desenvolvimento do país, ainda se mantém atrelados fervorosamente ao poder por tantos anos. E o pior é que o que os preocupa não é nem o ostracismo, mas a impossibilidade de continuar sugando o que podem do povo e do país. Ô Sarney... Você é um "fenômeno"! PQP!!!!!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

=Mesmice...

A mesmice não pode ser uma coisa boa. E não é! Por que então tantas pessoas adotam essa maneira de viver (viver?!). Os dias se passam e as atitudes (ou a falta delas) são as mesmas. Seria acomodação, medo, conveniência, estratégia? Não consigo mesmo entender. Percebo isso no dia a dia do trabalho, nas minhas relações pessoais, nos relatos das pessoas. Falta atitude positiva para mudar o status quo. Falta personalidade às pessoas. Falta disposição... Em tese me sinto na contramão do que vejo e com o que convivo. Não posso mudar o mundo ou as pessoas (nesse caso nem quero), mas sinto-me impotente diante de tanta hipocrisia e da falta de interesse das pessoas em fazer algo mais, além do conveniente, mais próximo da construção de algo novo. Algo como criar, inovar, surpreender, ultrapassar os limites do conforto e da estagnação. Enfim, o dia de amanhã pode até já ter sido escrito, mas ainda podemos colocar os pingos nos "i", acrescentar ou suprimir frases, substituir as exclamações por interrogações, mudar as vírgulas de lugar, trocar os pontos por reticências...